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Foto do escritorBetty Dias

TITIKSA, DA FORÇA DE VONTADE À TRANQUILA ACEITAÇÃO

Titiksa, é a paciência ou a capacidade de acomodar o que não é agradável. É o que por vezes experimentamos na vida e também na prática de yoga  - saber suportar agradavelmente o que nem sempre é da nossa preferência. Na prática de yoga, a pessoa coloca-se voluntariamente numa ou noutra situação que não é agradável para ela e ainda assim, aplica a capacidade de manter-se ali, a fazer o que é para ser feito e a abraçar a dificuldade ou a contrariedade quando elas surgem. Quando fazemos uma caminhada na natureza testemunhamos um misto de flores e ervas, o sol a aquecer a pele mas também os insetos à nossa volta. Conseguimos agradavelmente apreciar a paisagem como um todo, aceitando o seu misto de dualidade, sem nos opormos ou criarmos resistência ao que é visto, pois reconhecemos na natureza um todo inteligente, interligado e em ordem. Isto é titiksa. Leva-nos apenas um segundo para focar a mente no desagradável, ou usufruir da vida contemplando tudo o que é, como é, em paz. Nem sempre a beleza de uma flor vem isenta das ervas que a rodeiam. Na vida, a beleza também não vem sozinha. Assim é também na nossa prática de yoga. 


Aceitar o par de opostos é uma virtude que a pessoa escolhe cultivar. A vida é dual - não em essência, mas na sua expressão. Os opostos determinam a nossa experiência: o sol e a noite, o quente e o frio, o leve e o pesado, o grande e o pequeno, o silêncio e o ruído, o Verão e o Inverno, etc. Os opostos pertencem um ao outro, estão interligados. Existem pessoas e situações interessantes e enfadonhas neste mundo, coisas bonitas e feias, agradáveis e desagradáveis, saudáveis ​​e doentias. Todos esses opostos nada mais são do que expressões da vida. Claro que é natural ter preferências, mas a identificação com as próprias preferências e o desconforto ou insatisfação resultante dela, é falta de titiksa.

Se é facto que implementamos um esforço inicial na acomodação daquilo que consideramos menos agradável, ele acaba por se desvanecer no reconhecimento da dualidade da vida como fazendo parte de um todo perfeito, tal como o reconhecemos na natureza. Dessa forma, surge uma natural aceitação do que é, como é, e revela-se em nós uma paz inata, na certeza que nada está fora de ordem. Muitas vezes achamos que a vida nos faz cair, nos torce, retorce e inverte - lembra algo? ;) E nós permitimos que ela nos crie stress, frustração, amargura ou ansiedade. Existem razões para que as coisas aconteçam da forma como se apresentam. Existem forças e leis neste Universo que fazem com que tudo seja como é, coeso e interligado, sem acasos, sortes, punições ou fatalismos. Não podemos culpar o mundo ou as pessoas pelo que sentimos, pois tudo depende da forma como olhamos para o que consideramos desafios ou dificuldades. O problema não está fora. O problema não é o mundo nem as pessoas, nem as situações que nos chegam ou que vão embora. O problema somos nós, são os nossos olhos que não vêm o que é para ser visto livre de subjetividade. A solução também não está fora. A solução somos nós. Como dizia o Swamiji: “três dedos apontam para nós no mesmo momento que apontamos um para o mundo”, e como ele dizia também: “o problema és tu, a solução és tu”. Conhecimento é tudo o que é preciso! Oṃ śrī Gurubhyo namaḥ Bons estudos, boas práticas!

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